O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo alertou a população sobre as altas temperaturas e a umidade relativa do ar, que chegou a alcançar níveis próximos a 30%. Esse índice é preocupante, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade ideal do ar é de 60%, e qualquer número diferente desse pode ser prejudicial à saúde.
Os baixos índices de umidade do ar facilitam a dispersão de poluentes, além de favorecer a formação e propagação de queimadas, o que prejudica a qualidade do ar nos centros urbanos. Além dos fatores ambientais, as chances de as pessoas sofrerem com doenças respiratórias aumentam com o tempo seco, tanto para quem já convive com alergias e históricos de inflamações no sistema respiratório quanto para quem raramente fica doente. Isso porque o fator principal é a condição do ar que respiramos, e isso raramente pode ser controlado.
“O problema é que esse ar nem sempre está nas condições ideais quanto a temperatura, pureza e umidade. Claro que as nossas cavidades nasais estão preparadas para aquecer, umidificar e limpar esse ar antes que ele percorra todo o sistema. Contudo, quando o clima está muito seco, todo o organismo fica desidratado, e raramente é possível fazer a umidificação e limpeza necessárias, o que acaba irritando a mucosa do nariz e da garganta, causando vários problemas respiratórios“, explica o Dr. Gustavo Meirelles, otorrinolaringologista na Clínica Dolci, em São Paulo.
Tempo seco e as doenças do outono e inverno
A principal doença desenvolvida no outono e no inverno, quando a umidade do ar cai drasticamente, é a rinite. Ela causa uma inflamação no revestimento interno do nariz, seja por desenvolver um processo alérgico devido a alguma micropartícula presente no ar, seja apenas por irritação ou por algum agente patológico, como vírus e bactérias. Ela pode durar alguns dias ou se estender por meses, tornando-se crônica.
Sabendo dessa relação entre a baixa umidade do ar e o sistema respiratório, os cuidados precisam ser preventivos. Veja abaixo cinco hábitos, destacados pelo médico, que podem ajudar a lidar com o tempo seco e as consequências para a respiração:
1. Faça a lavagem nasal diariamente: a limpeza nasal, se possível, deve ser realizada de 2 a 3 vezes ao longo do dia. O mínimo é pelo menos uma vez de manhã – pois é durante o período noturno que produzimos mais secreção do que o normal – e uma à noite, para limpar o nariz antes de dormir, livrando-o de vírus, bactérias e da poluição cotidiana. A maneira ideal de fazer a lavagem nasal é com soro fisiológico 0,9%;
2. Hidrate-se: aumente o consumo de água para manter-se hidratado. Sucos e chás também valem para a hidratação, mas prefira sempre a água para não interferir nos índices glicêmicos e em outras questões relacionadas à sua saúde. Para ajudar a criar o hábito de beber água com frequência, você pode manter uma garrafinha por perto ou colocar um alarme no celular para tomar um pouco a cada hora;
3. Mantenha a umidificação do ar: se puder, use um umidificador elétrico para melhorar a umidade do ar dos ambientes da sua casa. Uma alternativa para quem não tem um umidificador é deixar uma toalha molhada no ambiente, principalmente no quarto na hora de dormir, ou um balde de água quente para que o vapor ajude a umidificar o ar (cuidado com a temperatura da água e com a segurança, principalmente de crianças e idosos);
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4. Mantenha os ambientes livres de poeira: mantenha a casa limpa, livre de poeira e ácaros, utilizando panos úmidos para limpar superfícies, assim como evitar o acúmulo de mofo em ambientes úmidos, e areje bem os cômodos. Uma boa opção também é utilizar capas antialérgicas nos travesseiros e colchões;
5. Não use descongestionantes nasais: o descongestionante nasal possui efeito vasoconstritor e, quando usado por muitos dias, o organismo tende a precisar do medicamento para funcionar, ou seja, quando o nariz entope, só aplicando o produto para que as vias aéreas se abram. Com isso, a pessoa passa a administrar mais gotas e em intervalos mais curtos para poder respirar, desencadeando uma rinite medicamentosa: uma congestão nasal frequente devido à dependência do fármaco.