A síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um fenômeno que se caracteriza por exaustão ou esgotamento, distanciamento afetivo do trabalho e sensação de ineficácia. O burnout não pode ser confundido com um simples cansaço e é mais comum no gênero feminino.
Além das razões profissionais, a síndrome também está ligada a fatores individuais, questões que envolvem a vulnerabilidade ou a resiliência pessoal. Entre essas questões, os estudos recentes chamam a atenção para o neuroticismo. “Trata-se de um traço de personalidade definido como uma tendência a experimentar afetos negativos e, portanto, está presente em pessoas que vivenciam, de forma negativa, os estados emocionais. As pesquisas mostram que as mulheres consistentemente exibem pontuações mais altas nas escalas de neuroticismo do que os homens”, explica o médico Marcos Mendanha, autor do livro “O que ninguém te contou sobre burnout – Aspectos práticos e polêmicos” (Editora Mizuno).
Conforme o médico, “essa talvez seja uma das explicações para o fato de a população feminina apresentar também de 1 a 3 vezes mais diagnósticos de transtornos depressivos, e 2 vezes mais diagnósticos para transtornos de ansiedade generalizada (TAG) e transtorno de pânico, quando comparada à população masculina”.
Sobrecarga feminina
Em geral, os especialistas reconhecem que as estruturas sociais e a divisão de tarefas de acordo com normas de gêneros podem influenciar negativamente, gerando estresse maior para as mulheres. “A dupla jornada de trabalho, quando ocorre, pressupõe um desequilíbrio entre trabalho e descanso. Quando essa balança pende para o lado do trabalho, seja ele remunerado ou não, evidencia-se a sobrecarga. Nesse momento o descanso e a saúde ficam comprometidos”, explica o profissional.
Torna-se importante, portanto, que tanto as empresas como a sociedade encontrem formas de reduzir esse desequilíbrio. “Do ponto de vista ocupacional, a redução da jornada de trabalho é bem-vinda, desde que haja uma diminuição proporcional da carga de trabalho. Se a carga semanal estava distribuída para cinco dias e reduz-se a jornada de trabalho para quatro dias, mantendo-se a carga de trabalho original, a conta não fecha. O trabalhador, nesse caso, terá que fazer tudo que fazia em cinco dias, agora em quatro dias. Isso gera sobrecarga de trabalho, um dos fatores que mais promovem burnout e adoecimentos mentais no contexto profissional”, conta.
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